Geração Z e o mundo do trabalho: desafios, tendências e caminhos para o futuro

3 min - 29 nov 2024

O podcast da Consumoteca trouxe à tona um tema cada vez mais relevante no mundo corporativo: como as organizações podem lidar com a geração Z, um grupo que vem desafiando as estruturas tradicionais do mercado de trabalho. Em um ambiente onde convivem múltiplas gerações, dos baby boomers à geração Z, é inevitável que surgem conflitos e dificuldades de gestão. Mas o que torna a geração Z tão singular, e como as empresas podem se adaptar a essas mudanças?

Os Desafios da Geração Z no Mercado de Trabalho

De acordo com a pesquisa da Great Place to Work (GPTW), 68% dos colaboradores consideram a geração Z a mais desafiadora para as organizações. Esse impacto é atribuído a três movimentos principais:

  1. Efeito Control Z
    A geração Z cresceu em um contexto onde a possibilidade de “voltar atrás” é constante, desafiando a ideia de que as escolhas de vida e carreira são definitivas. Essa mentalidade de adaptação e experimentação confronta o modelo tradicional de estabilidade e permanência no emprego, que era comum em gerações anteriores. Para os mais jovens, mudar de rumo é natural, o que leva ao questionamento sobre o “padrão natural da vida” e a busca por trajetórias mais flexíveis e alinhadas aos seus valores.
  2. Busca por Dopamina
    Em uma sociedade marcada pelo excesso de estímulos, cobranças e informações, a dopamina assume protagonismo. Ao contrário da serotonina, que está associada a uma felicidade mais estável, a dopamina alimenta as recompensas rápidas e os pequenos prazeres do cotidiano. Esse padrão está ligado a problemas de saúde, como a ansiedade, que já afeta 55% dos jovens brasileiros, segundo a OMS. Nesse cenário, a geração Z adota uma postura pragmática em relação ao trabalho, priorizando a saúde mental e evitando pressões excessivas.
  3. Rejeição à Liderança Tradicional
    Para a geração Z, liderar nos moldes tradicionais deixou de ser atraente: 62% não têm interesse em assumir papéis de liderança nos formatos convencionais. Essa mudança reflete a rejeição a estruturas hierárquicas rígidas, à meritocracia cega e ao “senso de dono” que outras gerações aceitavam sem questionar. Para os Zs, o propósito e a qualidade de vida são mais importantes do que o crescimento profissional.

“Mercado AZAP”: A Linguagem da Geração Z

O podcast explorou o conceito de “mercado AZAP” (as soon as possible), inspirado na linguagem direta e prática dos jovens, que já incorporaram termos como “budget”, “call” e “job” ao seu vocabulário. Esse conceito propõe uma abordagem imediata e pragmática para lidar com os desafios dessa geração, abandonando a lente do choque geracional e focando na criação de soluções práticas e adaptáveis.

Como Engajar a Geração Z?

Diante dessa realidade, as empresas precisam encontrar formas de engajar e reter a geração Z. Algumas estratégias incluem:

  • Foco na Marca Pessoal
    Para os Zs, a marca pessoal é mais valiosa do que qualquer título ou posição. Eles enxergam as empresas como “collabs”, parcerias que precisam respeitar seus valores e contribuir para sua reputação.
  • Equilíbrio entre Vida e Trabalho
    Segundo a IPSOS, 86% dos brasileiros acreditam que o mundo está mudando rápido demais, e 75% se sentem sobrecarregados pelas escolhas que precisam fazer. Como resposta, mais de 80% dos brasileiros preferem uma rotina equilibrada a uma carreira de ascensão. A geração Z reflete essa tendência, valorizando trabalhos que se encaixem em suas vidas, e não o contrário.
  • Reconhecimento de Novos Valores
    A tendência identificada pela IPSOS como “fuga do individualismo” também está alinhada com os valores dos jovens. Embora busquem status social, desejam simplicidade e autenticidade nas relações, seja no trabalho ou na vida pessoal.

O Futuro do Trabalho e a Biografia Profissional

A Forbes aponta que, enquanto gerações anteriores tinham a promoção ao alto escalão como meta, menos de 2% dos jovens da geração Z compartilham essa ambição. Para eles, o trabalho não é mais sobre escalar uma pirâmide, mas sobre construir uma biografia rica e significativa. Essa mudança exige que as empresas revisitem suas práticas e criem modelos mais flexíveis, respeitando os limites individuais e oferecendo caminhos personalizados de desenvolvimento.

A provocação final é clara: como as organizações podem abraçar essas diferenças e construir um ambiente onde múltiplas gerações coexistam, aprendam e cresçam juntas? A resposta pode estar em acordos mais claros, lideranças mais empáticas e uma compreensão profunda das novas dinâmicas do mercado de trabalho. Afinal, o futuro do trabalho já chegou — e ele é moldado pela geração Z.

 

Fontes:

Caoscast, Mercado AZAP: Um Olhar sobre a Geração Z no Trabalho, 2024

Forbes, Geração Z Quer a Recompensa Antes de Mostrar Trabalho, 2024

IPSOS, Tendências para o Brasil 2025, 2024

 

 


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