A Geração Z e outros grupos etários questionam os padrões estabelecidos, remodelando o conceito de adultez, que agora se manifesta menos como um marco temporal e mais como um fenômeno cultural. Essa mudança reflete as tensões do nosso tempo, em que “ser adulto” não segue mais A visão sobre a vida adulta está passando por transformações profundas. as expectativas tradicionais, abrindo espaço para novas definições sobre independência, produtividade e liberdade. Esse foi o tema do CAOSCast do Grupo Consumoteca.
Foto: Caoscast, Consumoteca
Com a Geração Z estimada em 2 bilhões de pessoas no mundo, essa abordagem é ainda mais relevante. Esse grupo amadurece mais devagar e adia responsabilidades tradicionais, como obter a carteira de motorista. Nos EUA, apenas 69% dos jovens da Geração Z tiraram a carteira no ensino médio, comparado a 87% dos Baby Boomers na mesma idade.
Segundo Marina Roale para a CAOScast, “adultez é um espaço de reinvenção constante.” Essa ideia ressoa no mantra da liberdade da vida adulta, representando um estado de busca contínua. Com base nessas transformações, podemos identificar três grandes movimentos que estão redefinindo o que significa ser adulto na atualidade:
1.O Abandono dos Marcadores Tradicionais da Vida Adulta Tradicionalmente, a adultez seguia um ciclo com etapas previsíveis – estudo, trabalho, casamento, filhos. Hoje, esse roteiro está sendo reescrito. Mais de 50% das pessoas acreditam que não seguiram um padrão de idade para cada etapa da vida, e muitos se sentem livres para explorar transições de carreira e outras mudanças. Como observa Elaine Miller, vivemos uma era de “embaralhamento das fases da vida,” onde comportamentos antes restritos a certas idades se misturam.
Esse fenômeno de fim de padrões de tempo que delimitam fases de vida, permite que cada um defina seu próprio ritmo. Por exemplo, idosos agora criam conteúdos para redes sociais voltados à Geração Z e millennials. Não há mais um “tempo certo” para ser e fazer; cada um escolhe o seu caminho e momento.
2. O Novo Tripé da Vida Adulta: Liberdade, Independência e Produtividade Hoje, a vida adulta é vista como um projeto pessoal, no qual liberdade, independência e produtividade são valores centrais. O adulto contemporâneo busca realizar suas próprias escolhas e planeja a vida em torno de metas e decisões conscientes, muitas vezes com uma obsessão pelo futuro. Esse estado constante de planejamento e autossuficiência é especialmente forte entre a Geração Z, que está mais focada em responsabilidades do que em diversão, buscando sair de casa e se tornar independente.
Para essa geração, cada escolha carrega um custo-benefício bem definido, com uma visão utilitarista que os leva a buscar sempre a “melhor versão” de si mesmos. No entanto, essa abordagem também exerce uma pressão adicional, gerando a sensação de uma necessidade constante de se provar.
3. O Impacto nas Diferentes Gerações A adultez estendida – ou “alargamento da vida adulta” – afeta as gerações de maneiras diferentes:
Cada geração traz uma visão própria sobre diversão e bem-estar. Em pesquisa realizada pela Consumoteca, a Geração Z associa diversão à responsabilidade e ao alívio de tensões; os millennials, por sua vez, veem-na como uma oportunidade de sair da rotina; e a Geração X busca integrar novos interesses à vida previamente estabelecida.
Foto: Freepik
Por que a meia-idade parece diferente para os millennials? A reportagem da National Geographic destaca as percepções variadas de adultez entre gerações, especialmente entre millennials e Geração Z. De acordo com a pesquisadora Alissa Greenberg, essa nova visão do envelhecimento está moldando a meia-idade de maneiras inéditas, criando espaço para realizações e aventuras além dos marcadores tradicionais. Markus Wettstein, da Universidade Humboldt, na Alemanha, acrescenta: “Atualmente, adultos de meia-idade e idosos se sentem mais jovens do que pessoas com idade semelhante há 10 ou 20 anos.”
Esse fenômeno é refletido em dados sobre a vida adulta moderna:
Para os millennials, o “adulto” tradicional não é mais o objetivo. Em vez disso, eles veem a meia-idade como um espaço aberto e personalizado, onde cada um determina o que significa ser adulto e qual será o seu próprio caminho.
A Nova Adultez e as Marcas
Um exemplo dessa presença de diferentes gerações em ambientes ‘não naturalmente pertencentes’ é a Lego, que abraça a ideia de que o adulto pode (e deve) brincar, promovendo diversão e criatividade para todas as idades ou influenciadores 60+ nas redes sociais, o que mostrou em sua campanha ‘Bem Vindos Adultos’
À esse novo grupo podemos apelidar de “kidults”, ou seja, adultos que compram brinquedos e jogos para si mesmos. Segundo pesquisa de 2021 da Toy Association nos EUA descobriu que 58% dos entrevistados adultos retratam esse comportamento de compra, o que ajudou as vendas de brinquedos nos EUA a aumentar 37% em dois anos. Segundo a executiva de marketing da Lego, Adrienne Appell, os adultos usam brinquedos como meio de fuga.
Foto: Lego, B9
Para as marcas, entender o contexto do novo adulto é essencial. Hoje, o público se define mais pela forma como navega no mundo do que pela idade. Identificar onde os consumidores se encontram nesse tripé – liberdade, independência e produtividade – permite que as marcas ofereçam apoio relevante. Perguntar “meu público precisa de ajuda para ser mais independente, produtivo ou para encontrar sua própria liberdade?” é fundamental. Um exemplo é a Duolingo, que oferece uma plataforma de aprendizado flexível, onde cada usuário escolhe o idioma, ritmo e nível, promovendo autonomia e facilitando o aprendizado contínuo sem a pressão de um sistema formal.
Essa abordagem não só apoia a independência e a produtividade de forma leve e personalizada, como também posiciona a marca como parceira na jornada de autodesenvolvimento dos novos adultos. Com mensagens que valorizem escolhas individuais e autossuficiência, as marcas se conectam de forma mais autêntica, acompanhando o adulto contemporâneo em sua busca por um estilo de vida próprio e adaptado.
Fontes:
O CAOScast, Grupo Consumoteca, 2024
National Geographic Brasil, 2024
Exame, 2021
WGSN, em seu estudo, ‘A equação da geração Z’, 2018
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